Você é arquiteto e sente que não consegue dar conta de todas as áreas do seu escritório? Ainda não conseguiu se organizar em torno das tarefas e o trabalho te acompanha em momentos que você gostaria de estar focado em outra coisa? Esse é um forte sinal de que você precisa trazer um pouco mais de gestão para a sua vida.
Talvez entender melhor como uma empresa se organiza possa ajudar. Todo escritório é uma empresa e toda empresa possui 3 grandes áreas de atenção administrativa que se organizam em torno do seu branding.
BRANDING | É aqui que você pensa mais profundamente sobre o seu negócio: quem é você, o que você faz, com que produtos você quer trabalhar, quem é o seu público, de que estrutura você precisa para fazer valer os seus diferenciais… Você não precisa pensar sobre isso todos os dias, mas precisa definir uma visão clara e montar um plano capaz de te levar até lá. Depois disso você precisa se concentrar nesse plano.
MARKETING | A gente gosta de dizer que o marketing estuda as relações de troca entre as pessoas. A pergunta fundamental é “Por que alguém deve trocar dinheiro (o trabalho dela) pelos produtos/serviços que você entrega (o seu trabalho)?” Marketing é sobre conexão. Como você se conecta com as pessoas que tem os problemas que você decidiu resolver através das suas soluções? A primeira função de marketing é a COMUNICAÇÃO - que ações você vai aprender para trazer as pessoas até você? O que você vai fazer para que o telefone toque, para que alguém deixe uma mensagem no seu Instagram? A partir daí, o assunto é VENDA, a segunda função de marketing. Quando alguém chega até você, como é o seu atendimento? O que você faz para entender e se conectar profundamente com aquele possível cliente no sentido de oferecer a melhor experiência de consumo? É preciso parar para pensar nessas questões e estabelecer padrões. Uma parte do Marketing é feita de ações que você implementa pontualmente e outra parte é feita de comportamentos sistemáticos, diários.
PRODUÇÃO | No escritório de arquitetura a área de produção é a sala técnica. Aqui, mais do que em qualquer outra área de atenção, a questão são as PESSOAS e os PROCESSOS. Você já definiu claramente seus fluxos de trabalho? Seus colaboradores precisam entender claramente a sequência de ações que leva ao produto final que você deseja. Além disso, quando você não tem fluxos claros, é muito comum que se queimem etapas e que determinados trabalhos necessitem ser refeitos. O retrabalho é o principal inimigo do lucro em arquitetura e o bom fluxo de produção é o principal antídoto contra o retrabalho. No mais, como é a sua equipe? As pessoas sabem claramente onde começam e terminam as suas obrigações? Isso é fundamental. Arquitetura se faz em equipe. Montar um escritório de arquitetura capaz de crescer é sobre formar um time. Quais são os seus valores? Como você define a cultura da sua empresa? As pessoas que estão com você respiram essa cultura? Estude sobre cultura organizacional, esse assunto é fundamental para uma empresa de arquitetura.
CONTROLADORIA | Como o nome denota, aqui ficam as funções de controle dos processos, das finanças, o cuidado com a infraestrutura, a análise de resultados atenta aos indicadores de performance. Essa talvez seja a área mais distante da formação dos arquitetos e é igualmente importante para o sucesso de qualquer operação. Você precisa parar sistematicamente para analisar o seu escritório enquanto sistema de produção: o que está dando resultado e o que não está? Para onde está indo o dinheiro e a energia que nós aplicamos aqui? O que podemos fazer para gastar menos energia e atingir o mesmo resultado? Mais especificamente: quando eu comparo as horas que eu previa utilizar em uma determinada etapa de projeto com as horas que eu de fato utilizei, onde estão os gargalos e o que eu posso fazer para resolvê-los?
Resumindo: você precisa cuidar de BRANDING, MARKETING, PRODUÇÃO e CONTROLADORIA.
Mas VOCÊ, sozinho?
Essa é a chave! Você não precisa abraçar todas essas áreas com as suas próprias mãos. Cada uma dessas funções exige uma inclinação vocacional diferente e a verdade é que, muito raramente, alguém reúne as características necessárias para se desempenhar bem em todas elas. Além disso, é realmente muito trabalho para uma pessoa só e quando você se divide demais, tudo fica mal feito.
É natural que um profissional de origem técnica, como o arquiteto, ao começar seu escritório, ainda sem entender bem como funciona uma empresa, comece a absorver tudo inconscientemente, mas é preciso ele se descubra ao longo do processo e escolha as funções que quer e pode abraçar e passe a delegar àquelas que não pode.
Como aponta Keith Murnighan, no livro "NÃO FAÇA NADA", nós temos uma inclinação genética para assumir tarefas com as próprias mãos e isso foi muito útil para a nossa espécie, no entanto nos atrapalha quando, no mundo moderno, chegamos a posição de líderes. A partir desse ponto, nossa tendência natural para agir nos leva a fazer demais.
Some a essa dificuldade natural o fato de que o trabalho de um escritório de arquitetura muitas vezes representa o arquiteto que dá nome ao escritório. Quando o seu nome está lá, é ainda mais difícil absorver o espírito de equipe e delegar, no entanto este é o único jeito de fazer com que a operação cresça.
Além disso, delegar é uma ferramenta de realização profissional importante - uma vez que você constrói uma estrutura capaz de absorver as atividades que você não quer, você "ganha" tempo para fazer o que realmente deseja e faz bem!
Construir uma operação capaz de funcionar assim não é fácil e não é rápido, mas este é o caminho de quem decidiu empreender através do seu próprio escritório.
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