A frase que dá título a esta postagem é do Bruce Lee, o cara que era apaixonado por artes marciais, não por uma, mas por todas! Ele queria reunir o melhor de cada uma delas naquela que seria a mais eficiente. Ele queria encontrar o caminho mais curto para acertar o outro cara no lugar certo, com a força certa e encerrar o combate. Ele queria atingir seu objetivo usando a menor quantidade de energia possível.
Esse é um insight valioso!
O mais natural é acreditarmos que, para atingir a perfeição em determinados processos, é preciso fazer mais, entregar mais, usar mais tempo - em arquitetura: mais imagens, mais render, mais desenhos, mais detalhes... É muito fácil entrar na onda do “quanto mais, melhor”! E, debruçado sobre o desenho, o arquiteto muitas vezes se perde da verdadeira finalidade do projeto, que é o espaço construído.
Outro cara, o Peter Drucker, também tem uma sentença no mesmo sentido da frase do Bruce Lee:
"Não há nada tão inútil quanto fazer com grande eficiência algo que não deveria ser feito."
Os arquitetos precisam entender que só se deve dedicar energia àquilo que realmente será utilizado. Na prática isso significa absorver 3 comportamentos:
1. Aumente o diálogo com o cliente!
Use painéis semânticos para entender claramente as expectativas do cliente. Está valendo inclusive montar seus painéis em um ambiente como o Pinterest. SEMPRE elabore um programa de necessidades e aprove com o cliente antes de desenhar. Não pule essa etapa por menor que seja o projeto. Para dar o pontapé inicial nessa etapa, utilize o Google Formulários e envie um link no WhatsApp do seu cliente contendo um formulário com as perguntas iniciais. Ele vai conseguir responder através do celular, até da cama, antes de dormir, e isso vai alimentar sobremaneira a sua reunião presencial para fechar o Programa de Necessidades. Aprove os fluxos antes de desenvolver as imagens. Aprove imagens preliminares antes de renderizar qualquer coisa. Lembre que há poucos anos nem existia a possibilidade de renderizar uma imagem e já havia muita arquitetura boa! A qualidade do projeto não depende disso! Não apresse as etapas, faça todas as perguntas e atinja os consensos de uma etapa antes de passar para a próxima. Isso evita o retrabalho! Respeite o seu fluxo de produção e converse mais com seus clientes.
2. Não desenhe o que não vai ser utilizado!
Defina seus parceiros, traga gente de confiança para perto de você, entenda como eles operam e estabeleça o escopo mínimo de desenho necessário para cada disciplina. Entregue o necessário! Você vai se surpreender com a quantidade de desenhos que seus parceiros consideram irrelevantes na obra. Inclusive, quanto mais certeza você tiver de quem vai materializar o seu trabalho, mais direcionado pode ser o desenho e isso sempre poupa tempo.
Não confunda esse modus operandi com irresponsabilidade. Não deixe de investir tempo no detalhamento daquilo que é realmente necessário! Apenas aprenda a distinguir o desenho imprescindível daquele que só serve para embelezar a prancha! Seu projeto não vai virar um quadro na parede! Não desenhe o que não vai ser utilizado!
3. O combinado não sai caro!
Não trabalhe no que está fora do escopo combinado! Na verdade o grande lance é criar um esquema que não deixa espaço para o cliente explorar a produção. Se você não sabe quantas horas vai utilizar no acompanhamento de compras, estabeleça um pacote mínimo de horas dentro do seu valor inicial e explique que horas excedentes serão cobradas a uma determinada razão. Isso também vale para o acompanhamento de obra. Lembre-se que para fazer isso valer é fundamental que você emita relatórios de visita para os clientes. Não se comprometa com determinadas entregas sem demonstrar com clareza o seu modelo de cobrança. Entenda que é sua a responsabilidade de deixar o formato de trabalho claro para o cliente! Redesenhe sua proposta, ela deve ser visual e uma ferramenta auxiliar para explicar sua abordagem.
Aqui na Innesco nós gostamos de dizer o seguinte:
"Nem todo traço vira obra, mas todo traço vira custo."
Se ligue nisso e tire do seu fluxo de produção tudo aquilo que não tem clareza de propósito. Corte o não essencial! Dá pra fazer!
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